Pesquisas recentes apontam para um cenário desafiador nos próximos anos no Brasil: falta de mão de obra especializada na área tecnológica. Entre as principais causas, há uma redução significativa no número de engenheiros formados, com impacto direto em setores como infraestrutura, tecnologia e energia, além de uma baixa procura por esses cursos na graduação. A crescente demanda reflete no mercado de trabalho aquecido: 92% dos profissionais estão em exercício. Destes, 78% atuam em sua área de formação, segundo dados do minicenso do Confea, realizada pela Quaest. Os dados foram apresentados durante o lançamento do estudo, realizado nesta quarta-feira (28/05), no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Para entender a realidade dos cerca de 1,2 milhão de profissionais registrados em todo o País e traçar o perfil dos engenheiros, agrônomos e geocientistas brasileiros, o Conselho Federal apresenta os resultados da maior pesquisa quantitativa da história do Sistema Confea/Crea e Mútua. A preocupação com o futuro das profissões é amplamente debatida pelo presidente do Confea, Eng. Vinicius Marchese, que destacou o ineditismo da iniciativa e como o resultado deve contribuir para ações mais direcionadas às demandas e necessidades da área tecnológica.
“Quando falamos em impulsionar o desenvolvimento do Brasil, precisamos mapear como pensam os agentes responsáveis para tirar os projetos do papel. É a primeira vez que temos informações que nos permitem entender a dimensão dos desafios, quando falamos da atuação técnica e qualificada na área tecnológica brasileira. De um lado, a baixa procura por cursos nestes segmentos. Do outro, profissionais indispensáveis para gerar infraestrutura, inovação, sustentabilidade, mobilidade e outras temáticas que transformam a vida das pessoas. Esse foi o nosso objetivo com a pesquisa”, afirmou Marchese.
“Quase um terço dos profissionais registrados em todo o Brasil está em São Paulo: representamos 29% da força da área tecnológica nacional. Entender a realidade e as demandas do mercado, que impactam diretamente na formação dessa mão de obra especializada, é necessário para uma atuação direcionada e conjunta do Sistema, da gestão pública, da academia, do próprio mercado e da sociedade”, reforçou a presidente do Crea-SP, Eng. Lígia Mackey, durante a solenidade de lançamento. Entre as lideranças paulistas, estiveram presentes também os conselheiros federais por São Paulo: Eng. Daniel Robles (titular), Geol. Ronaldo Malheiros (suplente), e Eng. Agr. Andrea Sanches (suplente de Instituições de Ensino Superior de Agronomia).
A alta formalização é outro indicador do aquecimento do setor: 40% dos profissionais estão em regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e 11% no serviço público. A satisfação com o mercado de trabalho também é evidenciada na pesquisa, com 67% dos profissionais satisfeitos com suas atuais posições, em todas as idades, profissões, formações e Estados. E mais: metade dos entrevistados acredita que o mercado de trabalho vem melhorando nos últimos cinco anos.
Além disso, os profissionais registrados ganham mais do que a média nacional. Os dados também apontam que a relação entre idade e renda indica um crescimento progressivo dos ganhos conforme os profissionais avançam na carreira. A maior transição de renda ocorre entre os 30 e 34 anos, faixa etária em que a maioria ultrapassa os cinco salários mínimos.
Felipe Nunes, CEO da Quaest, pontuou que a pesquisa demonstra a força do mercado de engenharia no Brasil. “Além de satisfeitos, os engenheiros têm renda muito acima da média nacional, e se sentem vocacionados a contribuir para a construção de projetos de impacto para o País”, disse.
Nunes observou que o estudo vai ajudar jovens de todas as partes do país a compreender melhor o futuro que lhes espera com uma carreira nas engenharias. “Os resultados são inspiração para quem sonha em seguir a carreira. Está provado que decisões estratégicas a partir de dados tendem a gerar resultados muito mais eficazes. A iniciativa inédita do Confea terá efeito decisivo para a área, gerando valor que vai além dos resultados do estudo em si”, complementou.
A analista responsável pelo estudo, Graziele Silotto, gerente da área de Inteligência da Quaest, ressaltou que a mensagem geral é que o mercado de trabalho da engenharia brasileira está passando por uma profunda transformação. “A categoria mostra sinais claros de renovação, com maior diversidade, bom posicionamento no mercado de trabalho e forte orgulho profissional. Os desafios estão na valorização da carreira e na necessidade de uma atuação institucional mais próxima e relevante para os profissionais”.
Profissão com propósito
Diretamente ligados ao desenvolvimento dos municípios e à construção de um futuro mais igualitário e sustentável, os profissionais do Sistema Confea/Crea e Mútua são movidos por propósito e encaram suas atividades técnicas como uma verdadeira missão em prol da população. Quando perguntados sobre suas profissões, 95% dos entrevistados acreditam que sua atuação contribui para um Brasil e uma sociedade melhores, e 79% indicariam a carreira para as futuras gerações.
“São pessoas que acreditam na transformação das cidades e entendem o valor das suas profissões para o contexto nacional, empreendendo seus esforços para o bem comum, sempre em busca de melhores condições para todos, por meio da atuação técnica segura e responsável e do bom uso da tecnologia”, reforçou Marchese.
Sobre a pesquisa
Foram entrevistados 48 mil profissionais registrados, das áreas de Engenharia, Agronomia e Geociências, com uma confiabilidade de 95% para a amostra geral. A coleta dos dados foi realizada em todos os Estados brasileiros, entre 23 de setembro de 2024 e 2 de fevereiro de 2025.
Produzido pela CDI Comunicação com informações do Confea